Hão de marejar meus olhos
quando eu vir o que está por vir
o que está por vir
por vir
porvir
por
vir
vi
vim
e venci
e lancei a sorte
ao atravessar o Rubicão
que brota dos meus olhos
que marejam e porfiam
TRAPICHE (tra·pi·che)sm 1 Grande depósito para estoque de mercadorias que devem ser exportadas e para atender pedidos de importação; armazém-geral. etimologia - esp trapiche. FANTÁSTICO (fan·tás·ti·co) adj sm 1 Que ou aquilo que é produto da imaginação, que só existe como fantasia. 2 lit Diz-se de obra ou gênero literário caracterizado pela transcendência do real, pela incursão ao mundo do sobrenatural, do terror, da magia, do sonho ou da ficção científica. etimologia - gr phantastikós.
Hão de marejar meus olhos
quando eu vir o que está por vir
o que está por vir
por vir
porvir
por
vir
vi
vim
e venci
e lancei a sorte
ao atravessar o Rubicão
que brota dos meus olhos
que marejam e porfiam
O que eu esqueci?
Como saber, se não me lembro mais?
Quantos anjos caíram?
Quantos se reergueram?
Quantas faces, quantas bocas,
quantas asas e cascos fendidos?
Quem é o Senhor dos Exércitos,
o Guardião das Almas?
Quem é o Deus do Amor?
Eu sou o que sou e serei o que serei,
decapitado e enforcado em minhas próprias vísceras,
atolado e afogado em meu próprio suor.
Quem salvará a donzela da torre?
Quem matará o dragão
e domesticará o unicórnio?
Quem cavalgará a quimera
e decifrará a esfinge?
Não foi a espada que esmigalhou os muros de Jericó.
Ártemis, deusa brilhante,
Rouba as setas de Eros
E envenena meu peito.
Que tua mira perfeita
Não me erre o alvo.
Estira bem o arco
E trespassa-me na alma.
Faz-me gritar ao sentir
A dor do amor
Atravessando meu corpo
Enquanto brilhas distante
No véu negro da noite.
Áries e Câncer estão em conjunção
Sagitário conduz o todo
Escorpião pica, mas quem mata é o Touro
Libra coordena o todo
Aquário protege Peixes dos perigos
Gêmeos confunde o todo
Capricórnio na quimera, Leão não morde
Eu não tenho nenhum vestígio
Nada
Estou nu no quintal de casa
Está frio e eu estou nu
Estou nu, gritando com os braços abertos
Chove e eu estou nu
Um vento frio aquece minha alma
E o meu corpo nu transpira
E o suor evapora
E sobe como fumaça
E minha mente está nua
E todos podem ver por ela
Estou envergonhado
E meu corpo nu envolve minha mente nua
E as gotas que choram
Molham meu corpo nu
Que aquece o vento que sopra
E que espera o sol surgir
O dia vai, a noite vem
A chuva não para
Não é a chuva, sou eu
Estou nublado
Cinza, cinza, cinza, cinza
Espero o cinza ir embora de mim
Meu olhar cinza no céu cinza
Cinza, cinza, cinza, cinza
Só eu sinto
O passar do tempo
O soar das vozes
O lamento do vento
O calor do sol
Só eu sinto
O passar dos dias
Lembro aqueles dias
Quero voltar no tempo
Quero voar
Sentir no rosto, o vento
Quero pensar em te sentir
Só eu sinto
O temor do mundo
Ouço todo mundo
Grito a todo mundo
Não me deixem só
Só eu sinto
O que seus olhares
Em todos os lugares
Querem dizer
Voa, Pombinha triste
Sai do laço que magoa
Vai, tenta, persiste
Não desista assim à toa
Tu consegues, vai, insiste
Pensa só que coisa boa
Se a liberdade 'inda existisse
Vai, Pombinha, voa
Nunca coma deste alpiste
'Inda que a fome te roa
Pensa voltar a voar livre
Liberdade nunca enjoa
Muda a tua carinha triste
Ri, canta, a vida é boa
Ponha tuas asas em riste
Vai, Pombinha, voa
Lembra tudo o que já viste
Lembra, mesmo que doa
Lembra a vida que sentiste
Quando estavas 'inda à toa
Guarda tudo o que disse
Minha voz que 'inda ecoa:
"Deixa de ser triste,
Vai, Pombinha, voa"
Sai do laço em que caíste
Puxa, quebra, 'inda que doa
Força, asas em riste
Vai, Pombinha, voa
Os cristais dos olhos se abrem
E caem no universo
Da lente límpida de mim
Desejo mergulhar em seus olhos
Devorar a serenidade de seus olhos
Flutuar na sua força poética
Desenhar anjos-demônios
E bonecos frenéticos
E crianças enfurecidas
Eu desejo criar o amor eterno
No cristal da Terra
Entrar nas entranhas da transparência
Dos desejos escondidos
A noite chega com seu rastro escuro
E cobre tudo
Esconde paisagens
Miragens
Amores e
Dores
O sol sopra o escuro e o transforma
Em azul tecnicolor
E mostra as paisagens
As miragens
Os amores e suas
Dores
Não quero ver o dia de novo
Quero esconder-me na minha noite
E vencer a dor
O sol vai nascendo lá atrás da serra
Vaqueiro acorda já pegando a sela
Abaixa e faz um carinho na cadela
Monta no cavalo e abre a cancela
Vai indo pra manga para aboiar
Já está de tarde, o sol vai embora
Cantador acorda e já pega a viola
Come alguma coisa até que dá a hora
Pega o instrumento e põe na sacola
Procura um lugar e começa a cantar
O vaqueiro vai aboiando o boi
E quando aboia, ele canta
Cantador também leva gado
O sol vai nascendo lá a trás da serra
Cantador já chega e guarda a viola
Vaqueiro afaga a sua cadela
Sela seu cavalo e abre a cancela
Cantador espera o dia findar
Sempre há o dia
Em que a folha cai da árvore
E rodopia suavemente
Até o chão
Ou desce nas águas
Rápidas de um rio
Um barco à deriva
Que ninguém guia
Cuja única tripulação
É uma pequena formiga
Salva de um afogamento
Um barco que sobe e desce
Aquelas pequenas ondulações
Que conduzem ao mar
Ao mar
Ao mar
Estou vomitando palavras
No meio da noite
Talvez assim o que de ruim
Saia
De
Mim